sábado, 8 de janeiro de 2011

Pensador e autor que inspirou muitas bandas de Heavy Metal: Friedrich Nietzsche

É inegável que a literatura e a música, possuem uma conexão e uma correspondência que tem se conservado durante séculos. Segundo o texto "Goethe e o romantismo musical: uma abordagem pedagógica" (FLUC, História da Música), do professor Doutor José Maria Pedrosa Cardoso, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a relação entre poesia e música é um fato quase natural documentado pelo menos desde a Grécia dos aedos (artistas que cantavam as epopéias, composições gregas religiosas ou épicas, acompanhando-se de um instrumento musical de cordas chamado cítara) até à poética contemporânea.



O heavy metal é um estilo musical nas quais inúmeras bandas se inspiram em conteúdos culturais para a composição de suas músicas, seja no campo da literatura, das artes plásticas, do cinema, da história ou da mitologia, o que faz com que compositores deste estilo musical possam ser considerados aedos contemporâneos.
Neste artigo, dividido em três capítulos, será apresentada a contribuição de três notórios pensadores para o heavy metal: o alemão Friedrich Nietzsche, que influenciou, sobretudo, as bandas do subgênero black metal; o inglês Aleister Crowley, mago e pensador que tem suas idéias referenciadas em letras de inúmeras bandas de metal; e o norte-americano Howard Lovecraft, escritor do gênero fantástico que serviu de inspiração tanto para as letras quanto para a arte-gráfica da capa de discos de várias bandas.
FRIEDRICH NIETZSCHE
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) inspirou muitos outros pensadores e, irrefragavelmente, músicos do gênero musical heavy metal (este termo será abordado no capítulo 3, termo este que originou na Inglaterra no fim da década de 1960). Muitos músicos, particularmente os de black metal, subgênero do heavy metal, consideram-no um iluminador esclarecido por suas idéias niilistas, misantrópicas e anti-cristãs.
Nietzsche era considerado no seu tempo um profundo descrente religioso. Um de seus conhecidos enunciados é: "Deus está morto: não existe qualquer instância superior, eterna. O Homem depende apenas de si mesmo". Esta expressão de conteúdo niilista indica que a crença em Deus é oposta aos princípios de realidade e da vida de Nietzsche, quando se verifica a idéia de que se você é um super-homem, não precisa da idéia Deus.
Outro exemplo que reforça esta idéia é o fragmento abaixo, retirado da obra "Assim Falou Zaratustra, um Livro para Todos e para Ninguém" (1883-85).
O Homem Superior
(Tradução: Pietro Nassetti)
Quando pela primeira vez estive com os
homens cometi a loucura do solitário, a
grande loucura: fui para a praça pública.
E como falava a todos, não falava a
ninguém. E de noite tinha por
companheiros volatins e cadáveres; eu
próprio era quase um cadáver!
A nova manhã trouxe-me uma nova
verdade; aprendi então a dizer: "Que me
importam a praça pública e a populaça e
as orelhas compridas da populaça?"
Homens superiores, aprendei isto
comigo, na praça pública ninguém
acredita no homem superior. E se
teimais em falar lá, a populaça diz:
"Todos somos iguais".
"Homens superiores – assim diz a
populaça. – Não há homens superiores;
todos somo iguais; perante Deus um
homem não é mais do que outro; todos
somos iguais!"
Perante Deus! Mas agora esse Deus
morreu; e perante a população nós não
queremos ser iguais. Homens
superiores, fugi da praça pública!
Segundo Nietzsche, foi por causa dos preceitos do Cristianismo que a elite européia se enfraqueceu ideologicamente, pois tirou desta sociedade a capacidade de retaliação e retórica, deixando-a passiva em termos de reflexão. O pensador alemão considerava ainda o cristianismo uma religião de homens privados da liberdade de pensamento que louvavam a pobreza, a modéstia e o medo, opondo-se à ética dos fortes, signo da política implementada pelos senhores romanos. A bondade, humildade, piedade e amor ao próximo, constituem valores inferiores para Nietzsche. Um super-homem é um forte, um aristocrata (no sentido de personalidade), um grande egocêntrico que cria suas próprias leis e regras e que não segue as de outras ideologias. Em seguida, apresentamos as ressonâncias do pensamento de Nietzsche conduzidas por músicos, pensadores abaixo citados:
A banda black metal norueguesa Gorgoroth, indubitavelmente é uma das mais influenciadas pelas idéias nietzschianas. Os álbuns intitulados "Antichrist" (1996), "Twilight of the Idols" (2003) e a música instrumental "Will to Power" representam forte presença da filosofia Nietzschiana.
"Antichrist":







Tradução: "Anticristo". Titulo original: "O Anticristo - Praga contra o Cristianismo" ("Der Antichrist. Fluch auf das Christentum", 1888) – Nesta obra, Nietzsche conduz suas críticas mais agudas a Paulo de Tarso, o codificador do cristianismo e fundador da Igreja, acusando-o de deturpar o ensinamento de seu mestre.

"Twilight of the Idols":
Tradução: "Crepúsculo dos Ídolos". Título original: "Götzen-Dämmerung, oder Wie man mit dem Hammer philosophiert". Obra escrita em 1888 onde difama as crenças, os ídolos (ideais ou autores do cânone filosófico), e analisa toda a gênese da culpa no ser humano.
FONTE: 

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